11 de setembro de 2011

Coágulos... as Soldas de Hefesto.


Nós como a Lua temos as mudanças, o vai e vem, o caráter transitório. Algo se agita e que escapa a nosso controle.. Este caráter é iminantemente individual, pessoal, embora possa parecer similar, mas a diferença é como eu sinto. Estas idéias formam núcleos, coágulos dentro de nós, onde se agregam partículas por cada experiência que passamos, que estimulam estes núcleos... formam-se "nós", um local de fixação, de a vida como lugar de agregados; algo não flui, local "ponto morto".
Na mitologia o Deus Hefesto representa exatamente esta questão, por ele representar o Deus das Soldas, algo nos prende. Nascemos eloquentes e nos tornamos retóricos. É preciso muita paciência para desatar cada um dos Nós, na psicologia os Nós passam a ser nomeados de "Complexo" : verbo latino Complector- abraçar, reunir, cercar, aglutinação. Um lugar de coagulação, uma condensação de represar os sentimentos. Estes nós parecem adquirir vida própria, muitas vezes fazendo uma força contrária contra aquilo que  queremos, pois ele começou a adquirir vida própria. Remete-nos ao tema do duplo, que se opõe ao meu Eu consciente, a sensação é de que a nossa casa esta sendo ocupada, desta forma há uma ruptura  com a unidade. O inconsciente vem antes do consciente, e uma tomada de consciência implica em uma separação, uma ruptura. Estes nós trazem obstáculos para que eu me separe, são sempre quase reconhecidos intelectualmente, mas não conseguimos que sua energia seja canalizada, dissolvida... é comum muitas vezes diante desta iniciativa de separarmos irmos em busca de ajuda, buscar a terapia por exemplo, mas  Não basta reconhecer o problema intelectualmente é preciso reconhecer o problema afetivamente. A mudança começa quando eu mudar a maneira de sentir o complexo, o Nó, o coágulo, não havendo mudanças no sentir, o nó passa a crescer, adquirindo um corpo próprio, formando uma espécie de outro eu, um símbolo conhecido é o do dragão devorador. Esse outro eu toma conta de nós, podemos constatar isso no clássico literário de Kafka "Carta ao meu Pai".
Jung coloca  que o inconsciente existe à priori, um vasto oceano de onde emerge uma pequena ilha que é o nosso consciente; que com o passar do tempo tentamos dar uma ordem, isso traz a idéia da Cosmogonia ( a vida começa pela imersão das águas ), a imagem do Iceberg é perfeita pra entendermos o funcionamento. Para Jung  a ameaça é constante, o inconsciente não é estático e rígido, é dinâmico, coagulando e dissolvendo-se, ele opera de maneira compensatória e complementar com o consciente..
Tomar consciência é algo que se paga muito caro, é o que nos traz sentido, quem não faz esse processo pode-se se equivaler a uma coisa, quase uma rocha. A experiência humana esta encerrada em nossa consciência, somos algo a sempre, a se fazer, algo que exige o esforço perpétuo - Mito de Sísifo, caso contrário nossa vida torna-se injustificada.
LúKhayyám

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