"O Homem é, em virtude de sua autotranscendência, um ser em busca de sentido. No fundo, é dominado por uma vontade sem sentido. No entanto, hoje em dia essa vontade de sentido encontra-se em larga medida frustrada. São cada vez mais numerosos os pacientes que recorrem a nós, psicólogos, psiquiatras, acometidos de um sentimento de vazio. Este sentimento de vazio tornou-se, em nossos dias, uma neurose de massa. Hoje o homem não sofre mais tanto, como nos tempos de Freud, de uma frustração sexual, mas sim de uma frustração existencial. E hoje não o angustia tanto, como na época de Alfred Adler, um sentimento de inferioridade, senão, bem mais, um sentimento de falta de sentido, acompanhado de um sentimento de vazio, de uma vazio existencial. Se me perguntais como explico a gênese desse sentimento de vazio, só posso dizer que, ao contrário do animal, o homem não possui nenhum instinto que lhe diga o que tem de ser, e, ao contrário do homem de tempos anteriores, não há mais uma tradição que lhe diga o que deve ser - e, aparentemente, não sabe sequer o que quer ser de verdade. Por conseguinte, ele só quer o que os outros fazem - e então nos encontramos diante do conformismo -, ou só faz o que os outros querem dele - e então nos encontramos diante do totalitarismo".
Viktor E. Frankl in O sofrimento de uma vida sem sentido.
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