5 de agosto de 2015
1 de agosto de 2015
Caminho em direção a sí mesmo
"A
vida de todo ser humano é um caminho em direção a si mesmo, a tentativa
de um caminho, o seguir de um simples rastro. Homem algum chegou a ser
completamente ele mesmo; mas todos aspiram a sê-lo, obscuramente alguns,
outros mais claramente, cada qual como pode. Todos levam consigo, até o
fim, viscosidade e cascas de ovo de um mundo primitivo. Há os que
jamais chegam a ser homens e continuam sendo
rãs, esquilos ou formigas. Outros que são homens da cintura para cima e
peixes da cintura para baixo. Mas cada um deles é um impulso em direção
ao ser. Todos temos origens comuns: as mães; todos proviemos do mesmo
abismo, mas cada um - resultado de uma tentativa ou de um impulso
inicial - tende a seu próprio fim. Assim é que podemos entender-nos uns
aos outros, mas somente a si mesmo pode cada um interpretar-se".
Hermann Hesse: Demian (Prólogo), 1925.
Hermann Hesse: Demian (Prólogo), 1925.
Para quem deseja se tornar um buscador, a coragem precisa fazer parte.
"O novo homem não pode projetar a responsabilidade por sua culpa e sua
vergonha num bode expiatório. Tenta corrigir ou mitigar os efeitos de
seus erros. Carrega a dor de sua vergonha ou culpa como uma oferenda
sacrificial de si mesmo ao próximo e inevitável passo da evolução: o
processo de aprendizagem da conscientização.
A aceitação e a reintegração do bode expiatório, a aceitação da mágoa e
da capacidade de magoar, da dor, da culpa e da vergonha são o preço
inevitável a ser pago por ser humano e por estar em busca. Alargar a
percepção consciente requer coragem e promove a humildade e a empatia
por outros que estejam no mesmo dilema, saibam disso ou não.
O explorador-buscador nunca pode se sentir perfeito nem pode esperar que os outros o sejam. Está sempre dolorosamente cônscio da inadequação dos seus atos, mesmo dos melhores. Ao mesmo tempo que aceita os ideais éticos do patriarcado, evita a hipocrisia que lhes é própria. A vida e os relacionamentos são encarados como processos, e não como formas fixas que nos permitiriam exigir, ou pelo menos saber, o que deveria acontecer em seguida.O novo homem percebe que o melhor a fazer em cada situação é buscar, perguntar, arriscar e permanecer aberto. Aceita o fluir e o tornar-se e abandona a esperança de ter razão, de ser invunerável. Continua insistindo nas perguntas de Parsifal: "O que te atormenta?", Qual o sentido disto?", "A quem isto serve?" e "Como serve à soberania da vida?" Isso significa ainda deixar de lado a expectativa de que é possível garantir a segurança quando se é capaz de controlar todas as circunstâncias e todas as pessoas."
Edward Whitmont - O Retorno da Deusa.
O explorador-buscador nunca pode se sentir perfeito nem pode esperar que os outros o sejam. Está sempre dolorosamente cônscio da inadequação dos seus atos, mesmo dos melhores. Ao mesmo tempo que aceita os ideais éticos do patriarcado, evita a hipocrisia que lhes é própria. A vida e os relacionamentos são encarados como processos, e não como formas fixas que nos permitiriam exigir, ou pelo menos saber, o que deveria acontecer em seguida.O novo homem percebe que o melhor a fazer em cada situação é buscar, perguntar, arriscar e permanecer aberto. Aceita o fluir e o tornar-se e abandona a esperança de ter razão, de ser invunerável. Continua insistindo nas perguntas de Parsifal: "O que te atormenta?", Qual o sentido disto?", "A quem isto serve?" e "Como serve à soberania da vida?" Isso significa ainda deixar de lado a expectativa de que é possível garantir a segurança quando se é capaz de controlar todas as circunstâncias e todas as pessoas."
Edward Whitmont - O Retorno da Deusa.
Charis - Graça
"O
caráter, se cria em nós quando vivemos de acordo com determinados
príncipios, princípios esses aos quais a pessoa permanece fiel mesmo que
isso faça com que ela tenha confrontações desagradáveis com pessoas com
princípios menos nobres. É aderindo aos nossos princípios, mesmo quando
isso é difícil ou desvantajoso, que desenvolvemos a força de caráter.
Essa força de caráter não é necessariamente buscada
diretamente, mas quando encontrada, ela é desejada por si mesma e não
por desejarmos uma recompensa. Pode-se dizer que quando uma pessoa
avança em direção à sua sina - com coragem, se for uma sina sombria, ou
com gratidão e modéstia, se for uma sina favorável - essa pessoa
desenvolve ainda mais essa profundidade, força e firmeza que chamamos
caráter.
Quando avançamos dessa maneira em direção à nossa sina, também somos acompanhados pelo que poderia ser chamado "a graça de Deus". A idéia da graça de Deus não é oriunda da mitologia grega como tal, mas a palavra graça deriva de uma palavra grega: "charis". Essa graça, ou charis, vem àqueles que decidiram resolutamente seguir seu caminho indicado na vida não importa aonde ele possa levá-los. É através do desenvolvimento do caráter, e com a ajuda de charis de Deus, que encontramos nossa perfeição."
John Sanford - Destino, Amor e Êxtase
Quando avançamos dessa maneira em direção à nossa sina, também somos acompanhados pelo que poderia ser chamado "a graça de Deus". A idéia da graça de Deus não é oriunda da mitologia grega como tal, mas a palavra graça deriva de uma palavra grega: "charis". Essa graça, ou charis, vem àqueles que decidiram resolutamente seguir seu caminho indicado na vida não importa aonde ele possa levá-los. É através do desenvolvimento do caráter, e com a ajuda de charis de Deus, que encontramos nossa perfeição."
John Sanford - Destino, Amor e Êxtase
Reconhecer já é um caminho para a cura!
"Todos nós ingenuamente nos esquecemos de que, por debaixo do nosso mundo racional, outro permanece enterrado. Não sei que mais terá a humanidade de sofrer antes de se atrever a admitir esta verdade. [...] É sabido que os dramas mais emocionantes e mais estranhos não são os que se passam no teatro, mas sim no coração de todos os homens e mulheres. Estes vivem sem chamar a atenção e não deixam transparecer de forma alguma os conflitos tumultuosos que os habitam, a não ser que se tornem vítimas de uma depressão cujas causas eles próprios ignoram".
Carl Gustav Jung
13 de julho de 2015
Longa Cauda
"Esquecemos sempre que a nossa consciência é apenas uma superfície; a
nossa consciência é a avant-garde da nossa existência psicológica. A
nossa cabeça é apenas uma ponta mas, atrás da nossa consciência, há uma
longa " cauda " histórica de hesitações, fraquezas, complexos,
preconceitos e heranças, que ignoramos ao fazer nossas contas".
Carl Gustav Jung
Carl Gustav Jung
Homens e Demônios
"Nem a necessidade nem o desejo, mas o amor pelo poder, é o demônio da humanidade.
Dê-se aos homens todo o possível - saúde, alimento, abrigo, prazer - e eles continuam infelizes e caprichosos, porque o demônio está sempre à espreita; e ele precisa ser satisfeito.
Tire-se dos homens tudo o mais e satisfaça-se esse demônio; então eles serão quase felizes - tão felizes quanto podem ser homens e demônios."
Dê-se aos homens todo o possível - saúde, alimento, abrigo, prazer - e eles continuam infelizes e caprichosos, porque o demônio está sempre à espreita; e ele precisa ser satisfeito.
Tire-se dos homens tudo o mais e satisfaça-se esse demônio; então eles serão quase felizes - tão felizes quanto podem ser homens e demônios."
Friedrich Nietzsche - Aurora.
30 de junho de 2015
Colheita Final
"O que oferecerá à Morte, quando ela bater à tua porta?
Vou oferecer à minha hóspede a taça cheia de minha vida.
Não deixarei que ela vá embora de mãos vazias.
Colocarei diante dela a suave colheita de todos os meus dias
de outono e de todas as minhas noites de verão.
No fim dos meus dias, quando ela bater à minha porta vou
entregar-lhe tudo o que ganhei e tudo o que recolhi com
o árduo trabalho da minha vida".
Tagore - Gitanjali (1913)
Vou oferecer à minha hóspede a taça cheia de minha vida.
Não deixarei que ela vá embora de mãos vazias.
Colocarei diante dela a suave colheita de todos os meus dias
de outono e de todas as minhas noites de verão.
No fim dos meus dias, quando ela bater à minha porta vou
entregar-lhe tudo o que ganhei e tudo o que recolhi com
o árduo trabalho da minha vida".
Tagore - Gitanjali (1913)
Amor e Dependência
"E quantos relacionamentos são governados pelo princípio do amor, pela
atenção à alteridade do outro? Quantos são sabotados pela reativação dos
antigos imagos do "eu mesmo" e do outro? Quantos são debilitados pelo
não engrandecimento e apoio mútuo de suas jornadas separadas, pela força
do hábito, pelo medo da mudança, pela falta de permissão para se viver a
própria jornada e pela recusa em aceitar as convocações para suas
próprias responsabilidades? [...] O amor quer a independência de ambos
os lados, liberdade, não controle, não culpa, não coerção, não
manipulação. Dependência não é amor; é dependência - uma revogação da
responsabilidade essencial em crescer, ter plena responsabilidade por
nossas vidas."
James Hollis: A Sombra Interior - por que pessoas boas fazem coisas ruins?
James Hollis: A Sombra Interior - por que pessoas boas fazem coisas ruins?
Não temos presente
"Nós vivemos em uma cultura totalmente hipnotizada pela ilusão de tempo,
na qual o chamado presente é sentido como uma pequena linha entre o
‘todo poderoso’ passado causativo e o 'absurdamente importante futuro’.
Não temos presente. Nossa consciência está quase completamente
preocupada com memórias e expectativas. Nós não percebemos que nunca
houve, há, ou haverá qualquer tipo de experiência além da experiência do
momento.
Portanto, nós estamos fora de contato com a realidade. Nós confundimos o mundo que é dito, descrito, e mensurado com o mundo do modo que ele na verdade é. Nós estamos doentes com uma fascinação pelo uso das ferramentas de nomes, números, símbolos, sinais, conceitos e ideias."
Alan Watts - Evolução da Consciência.
Portanto, nós estamos fora de contato com a realidade. Nós confundimos o mundo que é dito, descrito, e mensurado com o mundo do modo que ele na verdade é. Nós estamos doentes com uma fascinação pelo uso das ferramentas de nomes, números, símbolos, sinais, conceitos e ideias."
Alan Watts - Evolução da Consciência.
Sob o jugo da petrificação da Medusa!
"Sejamos animais humanos "parcialmente mortos para o mundo" ou animais humanos "abertamente sensíveis para o mundo", há muitos de nós sendo arrastados por uma força que percebemos como vinda de fora ou, com a mesma força, vinda de dentro, ou ainda chicoteados por ambas até que "eu" não tenho mais controle de minha própria vida. Esse "eu" não tem um sistema próprio de valores. Não é o senhor em seu próprio castelo. Todo dia a máscara, ou persona, se desempenha com perfeita eficiência, mas quando o serviço está concluído aqueles ritmos frenéticos e estranhos continuam dominando o corpo e o Ser. Não há um "eu" para dar um basta nisso, nenhum ego forte e diferenciado capaz de desacelerar e recuperar os ritmos naturais. Se esses ritmos naturais afundaram na inconsciência total, o ato de ser desaparece e, tal como o bicho espancado, neurótico, aterrorizado, o corpo tenta prosseguir com ritmos totalmente estranhos à sua natureza. A atitude de lobo que, de dia, cobra mais, mais e mais, à noite uiva "eu quero, eu quero, eu quero". Os valores da sociedade baseados na ética do trabalho e em padrões, ambições e metas perfeccionistas sustentam a atitude de lobo na selva profissional, mas a sociedade nada pode fazer para alimentar o lobo solitário à noite. Algumas pessoas se deixam levar pelo bando e afundam em álcool, sexo, comida e drogas. Em seu esforço de fugir dizem: "É melhor estar bêbado que enlouquecer, melhor estar vomitando que ficar louco, melhor ser gordo que 'pirado'". Mas não há alguém bebendo, amando, comendo ou vomitando porque não há esse alguém presente no que faz. Os instintos, dotados de um ponto natural de saciação, não estão em funcionamento. Esse vazio nunca será preenchido. Algumas pessoas que atendo no meu consultório recusam-se a deixar-se arrastar pelo bando mas, mesmo assim, caem nas garras da síndrome do lobo. Engolem a contragosto o álcool que não apreciam, devoram alimentos que não mastigam, faxinam a casa imaculada todas as noites, ou se livram de qualquer resíduo de carne que ainda reste em torno de seus pobres ossos. Acabam indo para terapia porque sabem que "isso é loucura". Seu "eu" está possuído por algum demônio sobre o qual não têm o menor controle. Esse demônio que, de dia, enverga a máscara da respeitabilidade mostra a verdadeira cara à noite. Exige perfeição — eficiência perfeita, mundo perfeito, limpeza perfeita, corpo perfeito, ossos perfeitos, mas como as pessoas são humanas e não anúncios de TV em horário nobre elas descambam no caos perfeito e na morte perfeita.
O demônio as destrói e, estando destruídas, finalmente caem no sono. O que falta é o equilíbrio que lhes devolveria qualidade à sua vida."
Marion Woodman - O Vício da Perfeição
29 de junho de 2015
Mundo Moderno
"Costuma-se afirmar que, a partir de agora, o mundo moderno é o mundo do
homem, ele é quem domina o ar, a água e a terra e que o destino
histórico dos povos depende da sua decisão e vontade. Esse retrato tão
orgulhoso da grandeza humana infelizmente não passa de uma grande ilusão
que rapidamente se desfaz diante de uma realidade tão diversa. Na
realidade, o homem é escravo e vítima das máquinas que lhe arrancam seu
tempo e espaço; a técnica de guerra, que deveria proteger e defender
sua existência física, o reprime e ameaça; a liberdade espiritual e
moral, embora ameaçada pela desorientação e pelo caos, está garantida
dentro do possível apenas numa parte do seu mundo, enquanto que na outra
já foi totalmente aniquilada. Por fim - onde a comédia termina em
tragédia - o senhor dos elementos, essa instância de todas as decisões,
cultiva uma série de idéias e concepções que selam de modo indigno sua
dignidade e transformam sua autonomia em simples quimera. Todos os
progressos, realizações e propriedades não o fazem grande, ao contrário,
o diminuem. Isso é comprovado pelo destino do trabalhador no regime de
distribuição "justa" dos bens: ele paga com o prejuízo de sua própria
pessoa a sua participação na fábrica; troca sua liberdade de movimento
pelo aprisionamento no local de trabalho; emprega todos os meios de que
dispõe para melhorar seu posto, se não quiser se deixar explorar por um
trabalho de empreitada esgotante; e quando sente o apelo de qualquer
exigência espiritual, recebe prontas as sentenças de fé políticas e o
suplemento de algum saber especializado. Ademais, um teto sobre a cabeça
e a forragem diária do gado não são coisas desprezíveis quando as
necessidades vitais podem ser reduzidas de um momento para outro."
Carl Gustav Jung - Presente e Futuro
Carl Gustav Jung - Presente e Futuro
27 de junho de 2015
Fogo que transforma
"Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado. Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém."
Rubem Alves - O Amor que Acende a Lua
25 de junho de 2015
9 de março de 2015
Enfrentando a Vida
"O homem que conseguiu dominar-se pode caminhar sobre a água - ou seja pode ver acima da agitação do seu inconsciente. Para ser verdadeiramente indivíduos temos que estar preparados para enfrentar a vida com confiança e a certeza de que ela nos enviará verdadeiras lições. Crescimento é trabalho; nossa ferramenta é nossa inflexível capacidade de ver a verdade sobre nós, que vem de dentro e forja uma equanimidade duramente conquistada".
Carl Gustav Jung.
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