23 de dezembro de 2011

O Amor Vence Tudo



Mas não pode vencer a si mesmo.

O amor, após descobrir esse seu potencial de vencer a tudo e a todos se torna um tanto quanto tirano. E para ele, nesse estágio, só importa amar. Quem ama, quem é amado, a situação na qual se ama, na tirania do amor, nada disso tem valor algum.

Então, ciente de sua capacidade de combate, o amor tirano passa a destruir outras fortalezas sentimentais. Caem por terra a sensatez, o raciocínio, o livre arbítrio. Satisfeito com seu recém criado poder de criar impérios, o amor tirano passa a dominar todo o coração do pobre que o guarda. E após conquistar o terreno sangüíneo, ele passa ao cérebro e por fim, à alma. Você todo passa a ser apenas amor. E como isso pode ser prejudicial.

Sendo todo amor, você acaba perdendo sua capacidade de ser algo que sempre foi, você. Porquê para o todo amor, não há espaço para a individualidade, para o pensamento uno. Para o todo amor só existe a bela dualidade do casal, a fatal intermitência de pensamentos saídos de dois que são apenas um.

No fim, você termina arrasado. Esse é o fim de toda guerra. Acabado, perdido, sozinho, fraco e, aparentemente, sem bases para recomeçar ou continuar o que quer que existisse antes da sua possessão amorosa. Então, de repente, você se sente bem. Disposto, feliz, com vontade real de viver.

É aí que passam por você, novamente, aqueles cabelos macios e sedosos, que parecem ser tecidos com seda. Você os observa e em vão tenta desistir da idéia. Tenta avisar seu coração de que tudo será uma grande perda de tempo, um jogo perdido, mas não adianta. Ele já está lá outra vez. Manobrando suas pernas em direção daquela outra batalha que talvez, dessa vez, deixe sobreviventes.

Omnia Vincit Amor " Virgílio "

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